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"Todo o homem honesto deveria tornar-se filósofo, sem se vangloriar em sê-lo." (Voltairé)

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Uma espécie em extinção: os cristãos. (Parte 1)


Após um considerável espaço de tempo sem pegar em uma caneta e em um caderno, refletir sobre coisas que considero de grande relevância para a sociedade contemporânea, sentar na frente do computador e, por fim, resolver transmitir o resultado de tais reflexões por este pequeno, porém importante espaço virtual, decidi mais uma vez contribuir de alguma forma para a difusão do conhecimento que conduz à Verdade e à mais nobre possível das leituras de mundo que algum ser humano pode vir a ter. Aquela que se distancia dos limites impostos por esse sistema sócio-econômico que fazemos parte.
Mas, reconheço que de nada importam quaisquer palavras que aqui expresso, frente as palavras que tem sido à mim apresentadas. Essas palavras que cito, são de tamanha sabedoria, que têm me feito entender que não tenho as mínimas condições de me reconhecer como um “pequeno cristo”[1] frente a prática ais pura dos atos daquele o qual dizem as instituições religiosas (ditas cristãs) seguir os ensinamentos e até mesmo a prática.
As palavras as quais me refiro, que tem sido tão divisórias entre a alma e o espírito quanto as palavras contidas no próprio cânon, são do escritor russo Liev Tolstói (1828 – 1910), e estão contidas em sua obra “O Reino de Deus está em vós”.
Antes de adrentar às palavras de que tanto falo, gostaria de ressaltar que tenho acompanhado as mesmas, seguidas sempre de outros textos, de homens tão sábios e tão dispostos a viver o Evangelho puro e simples quanto Tolstói. Ao longo de meus textos, farei uso de algumas citações destes também, afim de propagar tais ideais e contribuir para a emancipação dos homens frente ao que vem a significar de fato a teoria e a prática dos ditos “pequenos cristos”.
Deixo-vos na expectativa frente ao assunto que será colocado em cheque por mais alguns dias ainda. Para dar uma bela pitada do que virá pela frente , ficam aqui duas citações de Tolstói na obra citada anteriormente “O Reino de Deus está em vós"
“As igrejas são ás mesmas por toda a parte e, se as igrejas católica, anglicana, luterana não têm nas mãos um governo assim tão dócil, não é, certamente, porque não o desejem. Uma igreja, qualquer que seja, não pode deixar de não visar o mesmo objetivo da igreja russa, isto é, encobrir o verdadeiro sentido da doutrina de Cristo e substituíla por um ensinamento que a nada obrigue e que, sobretudo, justifique a existência de bonzos nutridos à custa do povo.
Acaso age de outro modo o catolicismo, quando proíbe a leitura do Evangelho, quando exige uma submissão cega aos chefes da igreja e ao papa infalível? Acaso ensina o catolicismo algo diferente do que ensina a igreja russa? O mesmo culto externo, as mesmas relíquias, os mesmos milagres, as mesmas estátuas milagrosas, a Madona e as procissões, os mesmos raciocínios afetados e nebulosos sobre o cristianismo nos livros e nos sermões; na verdade, o mesmo encorajamento à mais vulgar idolatria”.
(TOLSTOI, Liev. O Reino de Deus está em vós. BesBolso. Rio de Janeiro, 2011, p.81)


“Mas, ainda que os homens quisessem se esforçar para acreditar na doutrina das Igrejas da forma como é ensinada, e a difusão da instrução e do Evangelho, oporiam à sua crença um obstáculo intransponível.
Bastaria ao homem de nosso tempo comprar por três moedas o Evangelho e ler as palavras de Cristo. Palavras que não requerem qualquer comentário, como aquelas ditas à samaritana[2], isto é, que o Pai não precisa de fiéis, não em Jerusalém, nem neste ou naquele monte, mas de fiéis no espírito e na Verdade; ou como as que afirmam que o cristão deve orar, não como um pagão no templo, mas secretamente, em retiro, e que o discípulo de Cristo a ninguém deve chamar de Mestre[3]; bastaria ler estas palavras para se convencer indiscutivelmente que os pastores das igrejas que chamam a si mesmos de Mestres, contrariamente à doutrina de Cristo, e que discutem entre si, não têm autoridade alguma, e que aquilo que ensinam não é o cristianismo.”
(TOLSTOI, Liev. O Reino de Deus está em vós. BesBolso. Rio de Janeiro, 2011, p.83)



[1] O termo cristão quer dizer exatamente pequeno cristo. Os primeiros seguidores de Jesus receberam esse título na cidade de Antioquia, na Grécia. O nome dado pelos gregos à estes seguidores remete à prática dos mesmos, que se diziam imitadores de seu mestre, o Cristo, conforme o relato do livro de Atos. Vejamos: "Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos." (At 11:26)

[2] Referência ao texto de João 4.5-42.


[3] Referência ao seguinte texto: "Então falou Jesus à multidão, e aos seus discípulos, dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem; pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los; e fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes, e amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas, e as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi. Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos. E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus. Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo. O maior dentre vós será vosso servo. E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado" (Mateus 23,1-12).