Pensemos amigos...

REFLETIR, SOLUCIONAR, PENSAR, PROBLEMATIZAR...AGIR!!!!

"Todo o homem honesto deveria tornar-se filósofo, sem se vangloriar em sê-lo." (Voltairé)

terça-feira, 28 de junho de 2011

Desertor (música composta em 29/06/2011 )



Soa em meu peito um sentimento tao profundo
Mistura de alegria e tristeza
Ecoa a voz que me faz
Caminhar em direção
Da Verdade que eles dizem que não posso ver
Nem chegar à tocar


Desertor, de falsas esperanças
Traidor, de um corpo fechado em si
Infiel,  à pátria que se diz celeste
Sou mais um
Vencido pelo amor

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Sabendo a hora de parar...

 

    "Uma longa disputa, significa que ambas as partes estão erradas."
(Voltaire in. CURY, Fernanda. A vida e o pensamento de Voltaire. Minuano Cultural, p. 8)


       Não é preciso saber muito sobre Voltaire para chegar à conclusão de que o mesmo escrevia e agia, muitas vezes, de maneira à atender os seus interesses individuais, ainda que o mesmo discursasse de maneira à prezar pelo coletivo. Mas, mesmo sabendo dessas imperfeições, é inegável a relevância e a sabedoria de muitas das falas deste grande poeta, dramaturgo e filósofo do século XVIII.  Gostaria de deixar aqui minha sugestão frente à um auto-exame que tenho feito frente à atenção que dou à determinadas discussões, muitas vezes desnecessárias.
 
     O que toca o meu espírito na fala de Voltaire, somada com a imagem acima que representa uma disputa desigual, é perceber que inúmeras vezes nós, que nos esforçamos para concebermos uma leitura de mundo mais honesta intelectuamente e também em essência prática, acabamos por nos contradizer quando fazemos usufruto dos conhecimentos adquiridos para debulharmos alguém em uma acalorada discussão, que talvez não tenha tido ás mesmas oportunidades de acesso ao conhecimento que nós tivemos. Deste modo, nos fazemos tão tolos quanto aquele que  insiste veementemente em um debate sem estar disposto à pensar de maneira humilde, respeitando e considerando a possibilidade do outro estar certo em seus argumentos.

    Não jogar pérolas aos porcos é também uma atitude de amor. Considerar que todos estamos na condição de porcos, em distintas situações, também deve ser uma.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Uma espécie em extinção: os cristãos. (Parte 2)



Dando continuidade ao texto anterior, onde introduzi o tema à ser tratado nas próximas postagens, destacando algumas palavras de Liev Tolstói, o nada famoso (infelizmente) escritor russo, proponho à vocês leitores que juntos, continuemos à observar as palavras de Tolstói e sua leitura frente ao que vieram a oficializar como “Cristianismo”, mas que em nada se assemelha às ações efetuadas pelo simples e humilde Cristo que dizem as atuais e históricas vertentes cristãs basearem a sua pregação.
Um dos pontos evidenciados por Tolstói em sua obra O Reino de Deus está em vós que gostaria de trabalhar, esta presente no capítulo 2 da mesma, intitulado Opiniões dos fiéis e dos livres pensadores sobre a não resistência ao mal por meio da violência. Este ponto trata de um problema não muito novo, muito menos incomum, tanto entre os seguidores de Cristo como entre os livres pensadores do cotidiano e das relações humanas. O problema tratado aqui por Tolstói é o da justificativa do uso da violência por conta de uma possível “extinção dos bons”. E, para tratar dessa questão, Tolstói cita um homem por demais influente no que diz respeito à formação do cristianismo como conhecemos hoje. O apelidado “boca dourada” (e veremos mais adiante o porque deste título): João Crisóstomo.
Vejamos a seguinte fala de Tolstói, onde ele aponta tal justificativa como a segunda entre as cinco mais usadas pelos cristãos ao longo da história para fazerem uso da violência:

“O segundo meio — um pouco menos grosseiro — consiste em reconhecer que o Cristo ensinava, é verdade, a dar a face e o manto, e que esta é, realmente, uma elevada moral..., mas... uma vez que, sobre a terra, existe um grande número de malfeitores, é preciso mantê-los pela força, para que não se veja perecerem os bons e até mesmo o mundo inteiro. Encontrei pela primeira vez este argumento em São João Crisóstomo e demonstro sua falsidade em meu livro A minha religião.
Este argumento não tem valor porque, se nos permitimos declarar, não importa quem, um malfeitor fora-da-lei, destruímos toda a doutrina cristã segundo a qual somos todos iguais e irmãos, na qualidade de filhos de um só Pai Celeste. E mais, ainda que Deus houvesse permitido a violência contra os malfeitores, sendo impossível determinar de modo absolutamente certo a distinção entre o malfeitor e aquele que não é, aconteceria que os homens e a sociedade se considerariam mutuamente malfeitores: coisa que hoje existe. Enfim, supondo que fosse possível distinguir com segurança um malfeitor daquele que não é, não se poderia encarcerá-lo, torturá-lo e condená-lo à morte numa sociedade cristã, porque não haveria nela ninguém para cometer tais atos, sendo qualquer violência proibida ao cristão.”
Tolstoi, Liev. O reino de Deus está em vós. Best Bolso. Rio de Janeiro, 2011, p.41.

Ora, devo admitir que a elucidação de Tolstoi frente ao que o cristianismo contemporâneo prega é perfeita. Tal justificativa não é, e nem pode ser reconhecida como pautada nos preceitos e na prática de Cristo. Observamos ao longo dos relatos do Novo Testamento diversas passagens, além do chamado “Sermão do Monte” (que até o século XVI não tinha este título, mas isso é assunto pra outra oportunidade), em que Jesus condena seus próprios seguidores por pensarem ser a violência uma arma a ser utilizada em prol da justiça entre os homens. Vejamos o seguinte relato do livro de João:


“Tendo Jesus dito isto, saiu com os seus discípulos para além do ribeiro de Cedrom, onde havia um horto, no qual ele entrou e seus discípulos.

E Judas, que o traía, também conhecia aquele lugar, porque Jesus muitas vezes se ajuntava ali com os seus discípulos.
Tendo, pois, Judas recebido a coorte e oficiais dos principais sacerdotes e fariseus, veio para ali com lanternas, e archotes e armas.
Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre ele haviam de vir, adiantou-se, e disse-lhes: A quem buscais?
Responderam-lhe: A Jesus Nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou eu. E Judas, que o traía, estava com eles.
Quando, pois, lhes disse: Sou eu, recuaram, e caíram por terra.
Tornou-lhes, pois, a perguntar: A quem buscais? E eles disseram: A Jesus Nazareno.
Jesus respondeu: Já vos disse que sou eu; se, pois, me buscais a mim, deixai ir estes;
Para que se cumprisse a palavra que tinha dito: Dos que me deste nenhum deles perdi.
Então Simão Pedro, que tinha espada, desembainhou-a, e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. E o nome do servo era Malco.
Mas Jesus disse a Pedro: Põe a tua espada na bainha; não beberei eu o cálice que o Pai me deu?
Então a coorte, e o tribuno, e os servos dos judeus prenderam a Jesus e o maniataram.”

Texto extraído da Bíblia Sagrada versão João Ferreira de  Almeida corrigida e revisada fiel. Livro de João, cap 18, vers 1 – 12.

Preciso dizer que a apologia ao uso da violência feita por homens como “São” João Crisóstomo contradizem as palavras e a prática de Cristo? Gostaria de propor à vocês leitores uma reflexão frente às diversas justificativas para o uso da violência, dentre elas a citada anteriormente por Tolstoi. Na próxima postagem tentarei abordar para uma melhor compreensão de todos a figura de João Crisóstomo. Quem foi tal personagem e como o mesmo influenciou o atual cristianismo, seja ele católico apostólico romano ou protestante de qualquer vertente.
Grato à todos pela atenção que tem tido para com este espaço nos últimos dias. Um agradecimento em especial aos amigos Marcílio P. Mendes (mais conhecido como Júnior), Railton Guedes e Vento Suzano Farias Lima, que têm trabalhado para proporcionar à pessoas como eu, leituras que ajudem à compreendermos melhor ás palavras de Cristo.