Pensemos amigos...

REFLETIR, SOLUCIONAR, PENSAR, PROBLEMATIZAR...AGIR!!!!

"Todo o homem honesto deveria tornar-se filósofo, sem se vangloriar em sê-lo." (Voltairé)

domingo, 5 de dezembro de 2010

Cristão capitalista? - Parte 2

A principio, gostaria de desculpar-me com muitos que vem acompanhando minhas postagens e que tem me cobrado de alguma maneira a  continuidade da postagem “Cristão capitalista – parte 1”. Confesso que formular todas as questões sobre tão considerável tema não tem sido uma tarefa das mais fáceis, e tem exigido de mim um esforço a mais no que diz respeito à administração de meu tão precioso tempo (óh moço ocupado esse que vos fala) para dedicação aos tetos que precedem essa discussão. Resumindo: perdão pela demora... hehe.
Dando continuidade ao que foi proposto na primeira parte deste estudo, gostaria de considerar que tudo o que vem  a ser destrinchado aqui está completamente  aberto para discussões e idéias que possam vir a acrescentar para uma melhor compreensão de todos quanto ao assunto em questão.
Como dito anteriormente,  cresci ouvindo diversas falas que, se analisadas sem um mínimo entendimento do que vem a ser o sistema e a ideologia capitalista e como esta ideologia está sobremaneira enraizada na sociedade cristã contemporânea, principalmente na vertente evangélico/protestante, não é possível notar qualquer problema nesse tipo de  falas. Posso dizer ainda mais. Tais falas soam como a perfeita interpretação das Escrituras, dando alento confortabilíssimo para o aflito ouvinte, que está se dento por ouvir algo que lhe encha de esperança com relação  a sociedade que vive e a sua situação econômica particular em específico.
Comecei a entender que a Reforma protestante contribuiu por demais para a disseminação do que é a idéia de acumulo, a partir do momento que tive acesso a textos relacionados à colonização dos povos norte-americanos. As diferentes fontes de pesquisa apontam para um mesmo sentido: o de que a ocupação das terras norte-americanas teve como base a ideologia de “oportunidade” a ser aproveitada pelos colonizadores nas novas terras. Os estudos apontam para a idéia de que a colonização por parte dos ingleses se diferenciou em muito  da colonização por parte de portugueses ou europeus, e que esta diferença  está sobremaneira ligada às intenções religiosas.
Para demonstrar a relevância do que acabo de citar anteriormente, gostaria de evidenciar o que diz o professor da ULC (University College of London), Harry C. Allen sobre toda está ideologia ligada às questões religiosas. Vejamos o que ele diz sobre a diferença prática dos colonizadores ingleses para com os espanhóis e portugueses:

...Fosse ele mercador da Nova Inglaterra ou aristocrático senhor de Terras no Sul, era economicamente ambicioso, prático, e pragmático: aquele que conquista desertos jamais esquece que a primeira necessidade da vida é ganhar o pão com o suor do rosto. E ainda que crente e frequentador da igreja, não considerava tais traços como incompatíveis com a aquisição de tesouros da terra. Talvez mais do que ninguém, o americano exemplificou a associação do protestantismo com a ascenção do capitalismo.
ALLEN, Harry C. História dos Estados Unidos da América,1968, p. 27.

 Mais adiante continuaremos a discutir essa questão a partir desta fala de Allen. Até a próxima!
Continua...

(Se você gostou desta postagem, leia também "Cristão  capitalista - parte  1" http://dennisportell.blogspot.com/2010/11/cristao-capitalista-parte-1.html)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Triste... mais pelos motivos certos.




Como é difícil pensar em uma sociedade sem regras, sem governo, sem imposições, onde todos sabem o que deve ser feito em prol de toda a comunidade e assim o fazem.  Se pensar isto já é tão difícil, qual árdua tarefa não será então a prática da mesma. Bem sei que não são de todo dispensáveis as concepções tão sedutoras de meus poucos, porém nobres, amigos anarquistas. Bem queria que isso tudo fosse possível e os mesmos estivessem certos. 

Porém, a triste realidade é está, a de que não teremos o paraíso na terra. Observando as sedutoras concepções e a dura realidade chego a concluir que este paraíso não é, e não será aqui, justamente por nossas escolhas. Escolhemos o que é mal. Temos a tendência de optar pelo que favorece às nossas instantâneas e irresistíveis necessidades, e não ao que pode vir a ser satisfatório á longo prazo. Muito menos se o que virá a ser satisfatório for a beneficio de outros e não a si próprio. Nós humanos, pensamos de maneira individualista e não comunitária.

Destas breves reflexões brotam pensamentos resultos de tudo o que tenho evidenciado e, ao mesmo tempo questionado até então, dentre estes, a certeza de que estar triste não é de todo o ruim, desde que essa condição se dê pelos motivos certos.
Se estar triste é saber da dura realidade e estar inconformado com a idéia de que na mesma é certo que a servidão ao individualismo  é um mal que está impregnado em cada um destes que, dizem ter encontrado a felicidade  na resolução de suas particularidades e só, de fato entendo  a razão da Sabedoria dizer que são felizes os que choram. Não só entendo como admiro e reconheço que ...

...estar triste e chorar por conta da  sabedoria, é de fato estar mais próximo da felicidade.


Lutemos por um mundo melhor!

Gostou desse texto? Leia também "A luta do século". Tá ai o link: http://dennisportell.blogspot.com/2010/10/luta-do-seculo.html. Deixe um comentário!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Cristão capitalista? (parte 1)


Cristão capitalista?
Algumas boas e longas conversas com amigos bem instruídos sobre como está o mundo  em que vivemos hoje e a inversão de valores que toma conta das pobres e conformadas mentes envoltas na idiotice suprema; a leitura de um bom livro como é o de Paulo Brabo, intitulado  "Bacia das almas – Diário de um ex-dependente de igreja" em uma tarde com uma barulhenta chuva, tendo sua barulheira acompanhada pelo sublime  e envolvente jazz de Nancy Wilson, culminam em uma série de pensamentos no que diz respeito à vida. Tudo isto é mágico, e tem o poder de impulsionar qualquer individuo que tenha a mínima sensibilidade para as coisas boas desta pensante vida (coisas estas que infelizmente tenho que admitir, estão cada vez mais escassas e distantes) a pegar uma folha e uma caneta e se sentir pressionado por este emaranhado de coisas, a manifestar e evidenciar o que vem a sua mente. Foi o que aconteceu com este que vos fala pouco antes de começar a escrever este texto. Todo este ambiente citado anteriormente me fez remontar para algumas questões que tem permeado nosso cotidiano e influenciado diretamente nas ações de cada individuo, conseqüentemente no todo.
A principio gostaria de trazer à este texto falas que até hoje tinem em minha mente. Você já deve ter ouvido, ou até mesmo dito algo do tipo:
- É preciso investir. Para investir é necessário ter. Para ter meu caro(a) é necessário estudar muito!!!!
- Ou seja, estudar é investir meu caro, e investir é planejar-se para ter retorno. E ter o retorno deste investimento evidencia responsabilidade.
- É um grande sinal da benção de Deus sobre você também. Evidência clara que o todo poderoso está com você!
Todas estas falas, somadas com outras tantas, que geralmente são ditas pelos mesmos indivíduos que pregam contra a tão discursada “teologia da prosperidade”, geraram em mim um profundo sentimento de dúvida quanto a veracidade de tudo isto e com relação ao comprometimento dos mesmos com a dita “Verdade do evangelho”. Quero falar sobre isto.
Quando começamos a interpretar o acúmulo de capital como evidente sinal da benção de Deus? De onde está idéia de que ser “rico” financeiramente significa ser “rico” espiritualmente? É interessante observarmos antes de tudo, que a nação mais “evangélica” do planeta (este termo cabe bem aqui), é também a mais consumista, a mais exploradora e a mais materialista de todo o mundo como o conhecemos. Por que isto acontece? Como chegaram a este estágio de contradição com sua própria pregação no que diz respeito a tão admirável conduta de vida pregada por Cristo e pelos ditos “pequenos cristos”? Gostaria de desenvolver uma breve reflexão com o fim de entendermos melhor esta questão.
Este é apenas o começo...
Espero que fiquem ansiosos pela seqüência da idéia.
Paz e sabedoria!



Gostou desse texto?  Veja também "Triste...mais pelos motivos certos". Ta ai o link: http://dennisportell.blogspot.com/2010/11/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html
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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A Luta do século!!!!

 Texto escrito por mim em parceria com meu borther Hector Maia  e charge de minha autoria,  extraídos do Jornal "O porão" , pagina de esportes, o qual foi desenvolivo pela turma do 4° semestre de GeoHistoria, na UNIFIG (Universidade de Guarulhos). Agradeço a todos pela atenção para com o texto. Em breve, mais postagnes referentes ao jornal.



                           A Luta do século

Senhoras e senhores, nestes últimos dias pudemos contemplar um acontecimento estrondoso no mundo do esporte, de grande repercussão em toda a Europa. Sim meus caros, pudemos contemplar a luta do século!!!!
De um lado estava ele. Com seus muitos e muitos quilos (muitos mesmo, diga-se de passagem), o grande, o exorbitante, o libertário, o federalista, o ingovernável: Michail Bakunin!!!! Do outro lado, um grandeeeee oponente. Com uns poucos quilos a menos,o irredutível, o autoritário, o centralista, o anti-capitalista: Karl Marx!!!! Foi uma luta para ninguém botar defeitos meus caros.
A luta começa e Marx solta o primeiro gancho de esquerda (o braço bom de Marx), onde concebe a idéia de que seria necessário apoiar taticamente a burguesia para depois, implantar reformas favoráveis aos interesses dos proletariados. Bakunin responde a esse golpe com um gancho sobre o maxilar barbado de Marx com sua concepção de que deveriam se opor intrinsecamente a burguesia, e não usar de meio nenhum que apóia-se a ela, em nenhum momento. A platéia vai ao delírio com os golpes inflamados dos dois!
Bakunin continuou com uma seqüência de socos sensacional. Usou de seus golpes mais fantásticos, dentre eles: a abolição dos direitos a herança. Mas Marx se recupera, defendendo-se dos socos de Bakunin dos golpes de Bakunin com a argumentação de que as condições econômicas eram as que fundamentalmente determinavam as relações de propriedade. Findou-se aí o primeiro round da luta do século.
Começou o segundo round. Era visível a diferença entre os dois oponentes na volta do intervalo. Marx aparentava estar bem centrado na vitória após os conselhos de seu instrutor/técnico conhecido como Engels. Já Bakunin, voltou à luta cansado, frente à solidão e a torcida desfavorável, que a partir do fim do primeiro round, passou a estar do lado de Marx.
A espetacular luta entre os gigantes continuou por muitos e muitos rounds. Os juízes decretaram um empate técnico. Os espectadores aplaudiram de pé os dois participantes desta imensurável disputa. O empate foi o pior resultado para os que apostaram. Mais quem apostou?  O proletariado, que ficou dividido entre o comunista  Karl Marx e o anárquico Michail Bakunin. Os únicos satisfeitos com o resultado da luta fôramos burgueses, que riam-se deliberadamente ao ver os oponentes se acabando em golpes, e o proletariado que nada ganhou com isto.


Gostou desse texto? Leia também "Cristão capitalista?". Tá ai o link:http://dennisportell.blogspot.com/2010/11/cristao-capitalista-parte-1.html  Deixe um comentário!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Pensamentos...

ESTACIONEI NO TEMPO
PAREI DE PENSAR,USAR MEU RACIOCINIO
MINHA VOZ NAO SAI,
MEUS OLHOS IMÓVEIS,
MEU CORPO NEM SENTE O FRIO QUE ESTÁ FAZENDO

LA FORA BEM LONGE,DISTANTE
ESTÁ TODA A MINHA VIDA
AQUI, PRESENTE NESTA SALA
SOMENTE A IDÉIA DE QUE TENHO QUE PERSISTIR,
TENHO QUE LUTAR,
TENHO QUE INSISTIR EM VENCER,
NÃO DESISTIR DE ALCANÇAR,
DE CHEGAR AO FINAL DA MINHA MISSÃO

MAS COMO FAZER, SE NÃO CONSIGO ME MOVER?
COMO LUTAR,SE NÃO TENHO FORÇAR PRA CONTINUAR?
COMO ERGUER COM MEUS BRAÇOS, A PEDRA QUE A MINHA FRENTE ESTÁ?
ENTAO DOU POR FIM MINHAS TENTATIVAS
E ME PONHO À PEDIR O AUXÍLIO
 DA FORÇA DO FORTE!

domingo, 26 de setembro de 2010

Resposta aos comentários referentes á última postagem....

    Paz e sabedoria a todos desde já!

    Considero os comentários postados aqui, de suma-importância para oa difusão do conhecimento e da reflexão de cada indivíduo dentro da idéia proposta. Gostaria de considerar meu posicionamento frente ao que foi colocado neste texto, frente à minha prática de fé e ao meu credo pessoal, que não se baseia em militar contra instituições ou ajuntamentos como colocado por muitos. no decorrer dos últimos dias.
   Saliento que sei perfeitamente que Paulo escrevia para Igrejas, mais para Igrejas locais como evidenciado em algumas postagens. Isto de fato, deixa mais evidente minha idéia de "organizaçoes abstratas". O que quero dizer com este termo? Quero dizer que ao meu humilde ponto de vista, os cristãos receberam uma missão de sair para fora. 
                 
"E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura."
  Marcos 16.15
     Pensemos em um cristianismo que não se limita à reunir pessoas em um único lugar, em um único ambiente, mas em um cristianismo muito maior do que isso. Um cristianismo que esteja presente em todos os lugares. Que seja sobremodo ativo em toda e qualquer questão civilizatória. Que mostre-se presente no cotidiano das pessoas de forma que desperte interesse nas mesmas.  Que estejam envolvidos e dispostos a atuar nas questões que correspondem à sociedade em todo e qualquer dia da semana, seja ele sábado ou domingo. Cristãos fiéis e maduros em uma praça, em uma pizzaria. em casas reunidos, no bar tomando um simples refrigerante ou qualquer outra coisa desde que não traga escanda-lo (lembrando que algumas vezes escanda-lo é sinonimo de: frescura de cristão imaturo). Ora, nesta proposta não há evidências de um formato concreto. Nem de um molde limitado à horários ou liturgias.
    Não me faço contra as reuniões em templos uma vez na semana ou outra. O que me oponho intrissicamente é a alienação que é promovida pelos ritos religiosos, que passam bem longe da idéia original de Igreja como eu coloquei. Ritos estes que promovem a sociedade um egoìsmo intrissíco à uma vida de dependencia de outros no sentido espiritual. Ou de práticas ritualisticas que não incentivem a uma busca pessoal e intimista ao Espírito Santo,ou seja, um relacionamento de amizade. 
    Enfim, acho que o discurso religioso aliena-nos á religiosidade, O discurso de Cristo e dos apóstolos ligados á sua prática, aproxima-nos dá liberdade, á busca verdadeira ao Criador e a cumplicidade no que diz respeito ao amor.

    "Sou feliz por ser cristão. Apenas cristão"
                                                                            
                                                                             by      Dennis Portell

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

IGREJA: Organismo e não organização! Instituída e não instituição! Corpo vivo e não imobilização!

- De que igreja o senhor é?
- Qual o nome de sua igreja?

    É bem provável que muitos de vocês leitores, cristãos principalmente, já tenham sido abordados, ou puderam presenciar alguém sendo indagado por tais questões,afim de que as respostas a estas tornassem evidente os principios de fé cristã ou a idéia sobre o tão usual e debatido termo "congregar" do individuo questionado.

    Eu, como muitos de vocês tem acompanhado, tenho caminhado em um constante aprendizado sobre o que de fato quer dizer o termo igreja. Este contínuo aprendizado tem sido sobremodo eficaz em muitos aspectos, dentre eles o de descobrir que tantas outras mentes tem passado pelo mesmo processo em todo mundo, contribuindo para uma prática cristã mais saudável a todos, cristãos e não-cristãos. Pessoas simples como eu e você que  sentiram-se despertadas a busca de uma forma de entendimento real, coerente e significativa do verdadeiro sentido da fé cristã: a busca incessante do amor máximo ao Criador sobre todas as coisas, e a manifestação desse amor também por meio do amor máximo aos seres criados por Ele. (Marcos 12: 28-34)

    De fato tenho aprendido que tais pessoas, levadas por um ardente desejo de crescimento e compreensão como dito anteriormente, mostraram-se "incomodadas" com alguns principios imutáveis e inquestionáveis da fé cristã que ao longo dos tempos acabaram sendo distorcidos, levando muitos a um falso entendimento do que de fato são estes principios e o que representam na prática cristã. Dentre estes principios, está o de IGREJA como veremos por conseguinte.
     
    Por senso comum, infelizmente tem-se usado a palavra 'igreja" para se fazer alusão a um edificio, uma organização religiosa mundial, dividida em regiões, distritos, campos, dioceses e etc. Estas definições confusas de igreja muitas vezes tem impedido que o significado original desta palavra aplicada ao Novo Testamento, chegue até a maioria das pessoas apresentadas a fé cristã. 

    Partiremos então do seguinte principio: entender o real significado  de "igreja" na etimologia da palavra (sua origem) e pela Biblia, que é a base de toda fé cristã. Vejamos: Igreja não é um edificio construído por homens com blocos, areia, cimento, pedras e etc. É um 'edificio" construído por Deus com "pedras vivas".
   Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo. ( I Pedro 2:5)

Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus;
Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;
No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor.
No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito.
(Efésios 2: 19-22)

     A palavra "igreja" tem origem da palavra grega "ekklesia", e a tradução desta siginifica de forma literal "chamado para fora". Ora, se isto  de fato  é verdade, se de fato a palavra "igreja" tem por significado 'chamado para fora". "para sair", logo não existe sentido que esta palavra seja aplicada a algo imóvel, concreto como um edificio ou uma organização. Logo, podemos entender que o sentido de igreja não pode estar ligado a templos feitos por mãos humanas (edificios e instituições), mais a um organismo vivo, complexo por seres vivos, que tem por necessidade fazer jus ao significado literal da palavra igreja e a sua etimologia.
    Observamos que ao invés de falar de uma organização a Bíblia descreve a igreja como um corpo composto por membros vivos. Vejamos:

Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação,
Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros. (Romanos 12: 4-5)

    O fato é que eu, consciente do que é a fé cristã e do que de fato significa igreja, posso responder sem muitas dificudades as questões colocadas no inicio do texto. Estou ciente de que sou um dos organismos vivos, que junto com outros como eu formam esse emaranhado de diversos organismos,formando o conjunto  denominado como "Corpo de Cristo". De fato não posso ir á igreja, pois sou igreja juntamente com tantos outros. Busco fazer jus ao significado literal da palavra e "saio para fora".
    Quanto a indagação: 
- Qual igreja é a sua? (he he )
Primeiramente acredito não ser dono de uma igreja. Para ser dono da Igreja, é preciso ter alguns requisitos básicos como ser O Filho Unigênito do Pai, morrer em uma cruz pelos pecados de todos os homens, ressucitar ao terceiro dia, e eu um simples ser humano, não apresento os requisitos básicos exigidos.

    Por fim, se acaso você se deparar com um dos 'indagadores do cotidiano" e ser questionado por ter se desligado de determinada instituição, com a tão usual pergunta: 
-Você saiu da igreja?
E com a seguinte afirmação que geralmente é colocada logo em seguida:
- Volte para a igreja!!!!
- frente ao que foi apresentado de evidências de um entendimento firmado na Palavra de Deus, de alguém que sabe o que é o significado real de igreja. Deixe bem claro que se desligar de qualquer centro organizacional não implica em se desligar do Corpo de Cristo e finalize com o seguinte argumento:
        - Não se pode retornar para algo do qual nunca foi deixado!
                                                                                   
Paz e Sabedoria
Dennis Portell

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Reflexão

O mais lindo nome - em "Os Miseráveis".
Victor Hugo.

Ó Vós que sois!

O Eclesiástico vos chama de Onipotência; os Macabeus, de Criador; a Epístola aos Efésios, de Liberdade; Baruc, de Imensidade; os Salmos, de Sabedoria e Verdade; João, de Luz; os Reis, vos chamam de Senhor; o Êxodo, de Providência; o Levítico, de Santidade; Esdras, de Justiça; a criação vos chama de Deus; o homem, de Pai; mas Salomão diz que sois Misericórdia, e é este o mais belo de todos os vossos nomes.

DESPERTANDO - PARTE 3

Ricardo Alexandre, na Época
Procurado por ÉPOCA, Geraldo Tenuta, o Bispo Gê, presidente nacional da Igreja Renascer em Cristo, preferiu não entrar em discussões. “Jesus nos ensinou a não irmos contra aqueles que pregam o evangelho, a despeito de suas atitudes”, diz ele. “Desde o início, éramos acusados disto ou daquilo, primeiro porque admitíamos rock no altar, depois porque não tínhamos usos e costumes. Isso não nos preocupa. O que não é de Deus vai desaparecer, e não será por obra dos julgamentos.” A Igreja Universal do Reino de Deus – que, na terceira semana de julho, anunciou a construção de uma “réplica do Templo de Salomão” em São Paulo, com “pedras trazidas de Israel” e “maior do que a Catedral da Sé” – também foi procurada por ÉPOCA para comentar os movimentos emergentes e as críticas dirigidas à igreja. Por meio de sua assessoria, o bispo Edir Macedo enviou um e-mail com as palavras: “Sem resposta”.
O sociólogo Ricardo Mariano, autor do livro Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil (Editora Loyola), oferece uma explicação pragmática para a ruptura proposta pelo novo discurso evangélico. Ateu, ele afirma que o objetivo é a busca por uma certa elite intelectual, um público mais bem informado, universitário, mais culto que os telespectadores que enchem as igrejas populares. “Vivemos uma época em que o paciente pesquisa na internet antes de ir ao consultório e é capaz de discutir com o médico, questionar o professor”, diz. “Num ambiente assim, não tem como o pastor proibir nada. Ele joga para a consciência do fiel.”
A maior parte da movimentação crítica no meio evangélico acontece nas grandes cidades. O próprio pastor Kivitz afirma que “talvez não agisse da mesma forma se estivesse servindo alguma comunidade em um rincão do interior” e que o diálogo livre entre púlpito e auditório passa, necessariamente, por uma identificação cultural. “As pessoas não querem dogmas, elas querem honestidade”, diz ele. “As dúvidas delas são as minhas dúvidas. Minha postura é, juntos, buscarmos respostas satisfatórias a nossas inquietações.”
Por isso mesmo, Ricardo Mariano não vê comparação entre o apelo das novas igrejas protestantes e das neopentecostais. “O destino desses líderes será ‘pescar no aquário’, atraindo insatisfeitos vindos de outras igrejas, ou continuar falando para meia dúzia de pessoas”, diz ele. De acordo com o presbiteriano Ricardo Gouveia, “não há, ou não deveria haver, preocupação mercadológica” entre as igrejas históricas. “Não se trata de um produto a oferecer, que precise ocupar espaço no mercado”, diz ele. “Nossa preocupação é simplesmente anunciar o evangelho, e não tentar ‘melhorá-lo’ ou torná-lo mais interessante ou vendável.”
O advento da internet foi fundamental para pastores, seminaristas, músicos, líderes religiosos e leigos decidirem criar seus próprios sites, portais, comunidades e blogs. Um vídeo transmitido pela Igreja Universal em Portugal divulgando o Contrato da fé – um “documento”, “autenticado” pelos pastores, prometendo ao fiel a possibilidade de se “associar com Deus e ter de Deus os benefícios” – propagou-se pela rede, angariando toda sorte de comentários. Outro vídeo, em que o pregador americano Moris Cerullo, no programa do pastor Silas Malafaia, prometia uma “unção financeira dos últimos dias” em troca de quem “semear” um “compromisso” de R$ 900 também bombou na rede. Uma cópia da sentença do juiz federal Fausto De Sanctis (lembre AQUI) condenando os líderes da Renascer Estevam e Sônia Hernandes por evasão de divisas circulou no final de 2009. De Sanctis afirmava que o casal “não se lastreia na preservação de valores de ética ou correção, apesar de professarem o evangelho”. “Vergonha alheia em doses quase insuportáveis” foi o comentário mais ameno entre os internautas.
Sites como Pavablog, Veshame Gospel, Irmãos.com, Púlpito Cristão, Caiofabio.net ou Cristianismo Criativo fazem circular vídeos, palestras e sermões e debatem doutrinas e notícias com alto nível de ousadia e autocrítica. De um grupo de blogueiros paulistanos, surgiu a ideia da Marcha pela ética, um protesto que ocorre há dois anos dentro da Marcha para Jesus (evento organizado pela Renascer). Vestidos de preto, jovens carregam faixas com textos bíblicos e frases como “O $how tem que parar” e “Jesus não está aqui, ele está nas favelas”.
A maior parte desses blogueiros trafega entre assuntos tão diversos como teologia, política, televisão, cinema e música popular. O trânsito entre o “secular” e o “sagrado” é uma das características mais fortes desses novos evangélicos. “A espiritualidade cristã sempre teve a missão de resgatar a pessoa e fazê-la interagir e transformar a sociedade”, diz Ricardo Agreste. “Rompemos o ostracismo da igreja histórica tradicional, entramos em diálogo com a cultura e com os ícones e pensamento dessa cultura e estamos refletindo sobre tudo isso.”
Em São Paulo, o capelão Valter Ravara criou o Instituto Gênesis 1.28, uma organização que ministra cursos de conscientização ambiental em igrejas, escolas e centros comunitários. “É a proposta de Jesus, materializar o amor ao próximo no dia a dia”, afirma Ravara. “O homem sem Deus joga papel no chão? O cristão não deve jogar.” Ravara publicou em 2008 a Bíblia verde, com laminação biodegradável, papel de reflorestamento e encarte com textos sobre sustentabilidade.
ravara A nova reforma Protestante (3)
“O homem sem Deus joga papel no chão? O cristão não deve jogar. É a proposta de Jesus, materializar o amor ao próximo no dia a dia” VALTER RAVARA, “ecocapelão”, criador do Instituto Gênesis 1.28 e da Bíblia verde
A então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, escreveu o prefácio da Bíblia verde. Sua candidatura à Presidência da República angariou simpatia de blogueiros e tuiteiros, mas não o apoio formal da Assembleia de Deus, denominação a que ela pertence. A separação entre política e religião pregada por Marina é vista como um marco da nova inserção social evangélica. O vereador paulistano e evangélico Carlos Bezerra Jr. afirma que o dever do político cristão é “expressar o Reino de Deus” dentro da política. “É o oposto do que fazem as bancadas evangélicas no Congresso, que existem para conseguir facilidades para sua denominação e sustentar impérios eclesiásticos”, diz ele.protesto A nova reforma Protestante (3)
DA WEB ÀS RUAS – Blogueiros que organizam a Marcha pela ética, um movimento de protesto incrustado dentro da Marcha para Jesus, promovida pela Renascer
O raciocínio antissectário se espalhou para a música. Nomes como Palavrantiga, Crombie, Tanlan, Eduardo Mano, Helvio Sodré e Lucas Souza se definem apenas como “música feita por cristãos”, não mais como “gospel”. Eles rompem os limites entre os mercados evangélico e pop. O antissectarismo torna os evangélicos mais sensíveis a ações sociais, das parcerias com ONGs até uma comunidade funcionando em plena Cracolândia, no centro de São Paulo. “No fundo, nossa proposta é a mesma dos reformadores”, diz o presbiteriano Ricardo Gouveia. “É perceber o cristianismo como algo feito para viver na vida cotidiana, no nosso trabalho, na nossa cidadania, no nosso comportamento ético, e não dentro das quatro paredes de um templo.”
A teologia chama de “cristocêntrico” o movimento empreendido por esses crentes que tentam tirar o cristianismo das mãos da estrutura da igreja – visão conhecida como “eclesiocêntrica” – e devolvê-lo para a imaterialidade das coisas do espírito. É uma versão brasileiramente mais modesta do que a Igreja Católica viveu nos tempos da Reforma Protestante. Desta vez, porém, dirigida para a própria igreja protestante. Depois de tantos desvios, vozes internas levantaram-se para propor uma nova forma de enxergar o mundo. E, como efeito, de ser enxergadas por ele. Nas palavras do pastor Kivitz: “Marx e Freud nos convenceram de que, se alguém tem fé, só pode ser um estúpido infantil que espera que um Papai do Céu possa lhe suprir as carências. Mas hoje gostaríamos de dizer que o cristianismo tem, sim, espaço para contribuir com a construção de uma alternativa para a civilização que está aí. Uma sociedade que todo mundo espera, não apenas aqueles que buscam uma experiência religiosa”.

dESPERTANDO- PARTE 2

Segunda parte da reportagem de capa da revista Época da semana que vem. A primeira parte pode ser lida AQUI e a terceira AQUI.
Ricardo Alexandre
Dentro do próprio meio, levantam-se vozes críticas a esse crescimento. Segundo elas, esse modelo de igreja, que prospera em meio a acusações de evasão de divisas, tráfico de armas e formação de quadrilha, tem sido mais influenciado pela sociedade de consumo que pelos ensinamentos da Bíblia. “O movimento evangélico está visceralmente em colapso”, afirma o pastor Ricardo Gondim, da igreja Betesda, autor de livros como Eu creio, mas tenho dúvidas: a graça de Deus e nossas frágeis certezas (Editora Ultimato). “Estamos vivendo um momento de mudança de paradigmas. Ainda não temos as respostas, mas as inquietações estão postas, talvez para ser respondidas somente no futuro.”
Nos Estados Unidos, a reinvenção da igreja evangélica está em curso há tempos. A igreja Willow Creek de Chicago trabalhava sob o mote de ser “uma igreja para quem não gosta de igreja” desde o início dos anos 1970. Em São Paulo, 20 anos depois, o pastor Ed René Kivitz adotou o lema para sua Igreja Batista, no bairro da Água Branca – e a ele adicionou o complemento “e uma igreja para pessoas de quem a igreja não costuma gostar”. Kivitz é atualmente um dos mais discutidos pensadores do movimento protestante no Brasil e um dos principais críticos da“religiosidade institucionalizada”. Durante seu pronunciamento num evento para líderes religiosos no final de 2009, Kivitz afirmou: “Esta igreja que está na mídia está morrendo pela boca, então que morra. Meu compromisso é com a multidão agonizante, e não com esta igreja evangélica brasileira.”
Essa espécie de “nova reforma protestante” não é um movimento coordenado ou orquestrado por alguma liderança central. Ela é resultado de manifestações espontâneas, que mantêm a diversidade entre as várias diferenças teológicas, culturais e denominacionais de seus ideólogos. Mas alguns pontos são comuns. O maior deles é a busca pelo papel reservado à religião cristã no mundo atual. Um desafio não muito diferente do que se impõe a bancos, escolas, sistemas políticos e todas as instituições que vieram da modernidade com a credibilidade arranhada. “As instituições estão todas sub judice”, diz o teólogo Ricardo Quadros Gouveia, professor da Universidade Mackenzie de São Paulo e pastor da Igreja Presbiteriana do Bairro do Limão. “Ninguém tem dúvida de que espiritualidade é uma coisa boa ou que educação é uma coisa boa, mas as instituições que as representam estão sob suspeita.”
Uma das saídas propostas por esses pensadores é despir tanto quanto possível os ensinamentos cristãos de todo aparato institucional. Segundo eles, a igreja protestante (ao menos sua face mais espalhafatosa e conhecida) chegou ao novo milênio tão encharcada de dogmas, tradicionalismos, corrupção e misticismo quanto a Igreja Católica que Martinho Lutero tentou reformar no século XVI. “Acabamos nos perdendo no linguajar ‘evangeliquês’, no moralismo, no formalismo, e deixamos de oferecer respostas para nossa sociedade”, afirma o pastor Miguel Uchôa, da Paróquia Anglicana Espírito Santo, em Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife. “É difícil para qualquer pessoa esclarecida conviver com tanto formalismo e tão pouco conteúdo.”
ricardo A nova reforma Protestante (2)
“É lisonjeador saber que nos consideram ‘pensadores’. Mas o grande problema dos evangélicos brasileiros não é de inteligência. É de ética e honestidade” RICARDO AGRESTE, pastor da Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera, em Campinas, São Paulo
Uchôa lidera a maior comunidade anglicana da América Latina. Seu trabalho é reconhecido por toda a cúpula da denominação como um dos mais dinâmicos do país. Ele é um dos grandes entusiastas do movimento inglês Fresh Expressions, cujo mote é “uma igreja mutante para um mundo mutante”. Seu trabalho é orientar grupos cristãos que se reúnem em cafés, museus, praias ou pistas de skate. De maneira genérica, esses grupos são chamados de “igreja emergente” desde o final da década de 1990. “O importante não é a forma”, afirma Uchôa. “É buscar a essência da espiritualidade cristã, que acabou diluída ao longo dos anos, porque as formas e hierarquias passaram a ser usadas para manipular pessoas. É contra isso que estamos nos levantando.”
No meio dessa busca pela essência da fé cristã, muitas das práticas e discursos que eram característica dos evangélicos começaram a ser considerados dispensáveis. Às vezes, até condenáveis. Em Campinas, no interior de São Paulo, ocorre uma das experiências mais interessantes de recriação de estruturas entre as denominações históricas. A Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera não tem um templo. Seus frequentadores se reúnem em dois salões anexos a grandes condomínios da cidade e em casas ao longo da semana. Aboliram a entrega de dízimos e as ofertas da liturgia. Os interessados em contribuir devem procurar a secretaria e fazê-lo por depósito bancário – e esperar em casa um relatório de gastos. Os sermões são chamados, apropriadamente, de “palestras” e são ministrados com recursos multimídias por um palestrante sentado em um banquinho atrás de um MacBook. A meditação bíblica dominical é comumente ilustrada por uma crônica de Luis Fernando Verissimo ou uma música de Chico Buarque de Hollanda.
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“O que importa é buscar a essência do cristianismo, que acabou diluída porque as formas e hierarquias passaram a ser usadas para manipular pessoas” MIGUEL UCHÔA, pastor anglicano (à esquerda na foto, ao lado do bispo Robinson Cavalcanti, da Diocese do Recife)
“Os seminários teológicos formam ministros para um Brasil rural em que os trabalhos são de carteira assinada, as famílias são papai, mamãe, filhinhos e os pastores são pessoas respeitadas”, diz Ricardo Agreste, pastor da Comunidade e autor dos livros Igreja? Tô fora e A jornada (ambos lançados pela Editora Socep). “O risco disso é passar a vida oferecendo respostas a perguntas que ninguém mais nos faz. Há muita gente séria, claro, dizendo verdades bíblicas, mas presas a um formato ultrapassado.”
Outro ponto em comum entre esses questionadores é o rompimento declarado com a face mais visível dos protestantes brasileiros: os neopentecostais. “É lisonjeador saber que atraímos gente com formação universitária e que nos consideram ‘pensadores’”, afirma Ricardo Agreste. “O grande problema dos evangélicos brasileiros não é de inteligência, é de ética e honestidade.” Segundo ele, a velha discussão doutrinária foi substituída por outra. “Não é mais uma questão de pensar de formas diferentes a espiritualidade cristã”, diz. “Trata-se de entender que há gente usando vocabulário e elementos de prática cristã para ganhar dinheiro e manipular pessoas.”
Esse rompimento da cordialidade entre os evangélicos históricos e os neopentecostais veio a público na forma de livros e artigos. A jornalista (evangélica) Marília Camargo César publicou no final de 2008 o livro Feridos em nome de Deus (Editora Mundo Cristão), sobre fiéis decepcionados com a religião por causa de abusos de pastores. O teólogo Augustus Nicodemus Lopes, chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie, publicou O que estão fazendo com a Igreja: ascensão e queda do movimento evangélico brasileiro (Mundo Cristão), retrato desolador de uma geração cindida entre o liberalismo teológico, os truques de marketing, o culto à personalidade e o esquerdismo político. Em um recente artigo, o presidente do Centro Apologético Cristão de Pesquisas, João Flavio Martinez, definiu como “macumba para evangélico” as práticas místicas da Igreja Universal do Reino de Deus, como banho de descarrego e sabonete com extrato de arruda.
Tais críticas, até pouco tempo atrás, ficavam restritas aos bastidores teológicos e às discussões internas nas igrejas. Livros mais antigos – como Supercrentes, Evangélicos em crise, Como ser cristão sem ser religioso e O evangelho maltrapilho (todos da editora Mundo Cristão) – eram experiências isoladas, às vezes recebidos pelos fiéis como desagregadores. “Parece que a sociedade se fartou de tanto escândalo e passou a dar ouvidos a quem já levantava essas questões há tempos”, diz Mark Carpenter, diretor-geral da Mundo Cristão.
kivitz A nova reforma Protestante (2)
“As pessoas não querem mais dogmas, elas querem autenticidade. Minha postura é, juntos, buscarmos algumas respostas satisfatórias a nossas inquietações” ED RENÉ KIVITZ, pastor da Igreja Batista da Água Branca, em São Paulo
O pastor Kivitz – que publicou pela Mundo Cristão seus livros Outra espiritualidade e O livro mais mal-humorado da Bíblia – distingue essa crítica interna daquela feita pela mídia tradicional aos neopentecostais “A mídia trata os evangélicos como um fenômeno social e cultural. Para fazer uma crítica assim, basta ter um pouco de bom-senso. Essa crítica o (programa) CQC já faz, porque essa igreja é mesmo um escracho”, diz ele. “Eu faço uma crítica diferente, visceral, passional, porque eu sou evangélico. E não sou isso que está na televisão, nas páginas policiais dos jornais. A gente fica sem dormir, a gente sofre e chora esse fenômeno religioso que pretende ser rotulado de cristianismo.”
A necessidade de se distinguir dos neopentecostais também levou essas igrejas a reconsiderar uma série de práticas e até seu vocabulário. Pastores e “leigos” passam a ocupar o mesmo nível hierárquico, e não há espaço para “ungidos” em especial. Grandes e imponentes catedrais e “cultos shows” dão lugar a reuniões informais, em pequenos grupos, nas casas, onde os líderes podem ser questionados, e as relações são mais próximas. O vocabulário herdado da teologia triunfalista do Antigo Testamento (vitória, vingança, peleja, guerra, maldição) é reconsiderado. Para superar o desgaste dos termos, algumas igrejas preferem ser chamadas de “comunidades”, os cultos são anunciados como “reuniões” ou “celebrações” e até a palavra “evangélico” tem sido preterida em favor de “cristão” – o termo mais radical. Nem todo mundo concorda, evidentemente. “Eles (os neopentecostais) é que não deveriam ser chamados de evangélicos”, afirma o bispo anglicano Robinson Cavalcanti, da Diocese do Recife. “Eles é que não têm laços históricos, teológicos ou éticos com os evangélicos.”
Um dos maiores estudiosos do fenômeno evangélico no Brasil, o sociólogo Ricardo Mariano (PUC-RS), vê como natural o embate entre neopentecostais e as lideranças de igrejas históricas. Ele lembra que, desde o final da década de 1980, quando o neopentecostalismo ganhou força no Brasil, os líderes das igrejas históricas se levantaram para desqualificar o movimento. “O problema é que não há nenhum órgão que regule ou fale em nome de todos os evangélicos, então ninguém tem autoridade para dizer o que é uma legítima igreja evangélica”, afirma.

DESPERTANDO! parte 1

Ricardo Alexandre
Inspirado no cristianismo primitivo e conectado à internet, um grupo crescente de religiosos critica a corrupção neopentecostal e tenta recriar o protestantismo à brasileira
0,,42920776,00 A nova reforma Protestante (1)
Rani Rosique não é apóstolo, bispo, presbítero nem pastor. É apenas um cirurgião geral de 49 anos em Ariquemes, cidade de 80 mil habitantes do interior de Rondônia. No alpendre da casa de uma amiga professora, ele se prepara para falar. Cercado por conhecidos, vizinhos e parentes da anfitriã, por 15 minutos Rosique conversa sobre o salmo primeiro (“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios”). Depois, o grupo de umas 15 pessoas ora pela última vez – como já havia orado e cantado por cerca de meia hora antes – e então parte para o tradicional chá com bolachas, regado a conversa animada e íntima.
Desde que se converteu ao cristianismo evangélico, durante uma aula de inglês em Goiânia em 1969, Rosique pratica sua fé assim, em pequenos grupos de oração, comunhão e estudo da Bíblia. Com o passar do tempo, esses grupos cresceram e se multiplicaram. Hoje, são 262 espalhados por Ariquemes, reunindo cerca de 2.500 pessoas, organizadas por 11 “supervisores”, Rosique entre eles. São professores, médicos, enfermeiros, pecuaristas, nutricionistas, com uma única característica comum: são crentes mais experientes.
Apesar de jamais ter participado de uma igreja nos moldes tradicionais, Rosique é hoje uma referência entre líderes religiosos de todo o Brasil, mesmo os mais tradicionais. Recebe convites para falar sobre sua visão descomplicada de comunidade cristã, vindos de igrejas que há 20 anos não lhe responderiam um telefonema. Ele pode ser visto como um “símbolo” do período de transição que a igreja evangélica brasileira atravessa. Um tempo em que ritos, doutrinas, tradições, dogmas, jargões e hierarquias estão sob profundo processo de revisão, apontando para uma relação com o Divino muito diferente daquela divulgada nos horários pagos da TV.
Estima-se que haja cerca de 46 milhões de evangélicos no Brasil. Seu crescimento foi seis vezes maior do que a população total desde 1960, quando havia menos de 3 milhões de fiéis espalhados principalmente entre as igrejas conhecidas como históricas (batistas, luteranos, presbiterianos e metodistas). Na década de 1960, a hegemonia passou para as mãos dos pentecostais, que davam ênfase em curas e milagres nos cultos de igrejas como Assembleia de Deus, Congregação Cristã no Brasil e O Brasil Para Cristo. A grande explosão numérica evangélica deu-se na década de 1980, com o surgimento das denominações neopentecostais, como a Igreja Universal do Reino de Deus e a Renascer. Elas tiraram do pentecostalismo a rigidez de costumes e a ele adicionaram a “teologia da prosperidade” (leia o quadro abaixo). Há quem aposte que até 2020 metade dos brasileiros professará à fé evangélica.
0,,42920803,00 A nova reforma Protestante (1)
SÍMBOLO O cirurgião Irani Rosique (sentado, de camisa branca, com aBíblia aberta no colo). Sem cargo de clérigo, ele mobiliza 2.500 pessoas no interior de Rondônia
0,,42921495,00 A nova reforma Protestante (1)
Esta reportagem é parte da revista Época que foi para as bancas dia 9/08.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Evolução


Ver Acontecer

Oficina G3

Composição: Oficina G3
Você já viu
Os dentes brancos dos comerciais?
Falsos sorrisos, slogans, nada mais
O resultado que se esconde
Do útimo carnaval?
E o programa contra a fome
Da nossa capital?

Quando vamos começar a ver
Tudo o que não vemos na tv
Os homens do poder
Assumindo que não conseguem resolver?
Será que um dia vamos assumir
Que sem Deus não vamos conseguir?
Depende de mim e de você, depende de nós

Como filhos,
Temos muito pra entender
Temos onde aprender
Nós queremos...

Ver, ver o que temos que aprender
O que Deus quer
Ver, ver, ver acontecer
Uma mudança em nós

Você já viu
Onde escondem a vitória
Da guerra atual, que nos vendem nos jornais?
O fim do preconceito, impresso em cartazes
E a vitória da justiça, a violência nacional?


                            Existe solução melhor do que nos prostarmos, nao perante a cruz, mais perante aquele que deu sua vida, afim de que de fato, vivessemos "A Vida"?

Aprendendo a aprender


Sei que a certeza pode ser uma a cada dia
Ouvi dizer e compreendi que pode ser também todo dia a mesma
Mas que muda conforme a aprendizagem que nos proporciona o dia-a-dia
Enfim, se amanha terei a mesma certeza ou não, isso não posso antecipar
Mas de uma coisa eu sei
Que o que tenho por certo hoje
Será amanha ou mais certo ou mais incerto
Visto que aprenderei um pouco mais.
                                                                     by Dennis Portell

domingo, 29 de agosto de 2010



"Talvez haja pessoas que, à falta de tais passatempos, limitem toda a sua felicidade às
relações com verdadeiros amigos, repetindo sem cessar que a doçura de uma terna e fiel
amizade ultrapassa todos os outros prazeres, sendo tão necessária à vida como o ar, a água, o
fogo. — Tão agradável é a amizade, — acrescentam, — que afastá-la do mundo eqüivaleria
a afastar o sol; em suma, é ela tão honesta (vocábulo sem significado para mim) que os
próprios filósofos não hesitam em incluí-la entre os principais bens da vida."

 Erasmo de Rotterdam (1466-1536) - Elogio da Loucura


Hermes C. Fernandes

"Entre as graças que devemos à bondade de Deus, uma das maiores é a música. A música é tal qual como a recebemos: numa alma pura, qualquer música suscita sentimentos de pureza." Miguel de Unamo
Todas coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os corrompidos e descrentes. Antes a sua mente como a sua consciência estão contaminadas.” Paulo em sua carta a Tito cap. 1, verso 15
Haveria algum idioma que pudesse ser considerado sagrado? Alguns talvez achem que sim. Há até quem pense que a língua falada no céu seja o hebraico, e que esta seria o idoma original dos homens, antes de Babel.
Recentemente, fui indagado acerca da logomarca de nossa igreja (Uma cruz estilizada que lembra uma estrela, com o que parece uma letra “x” no meio dela). Ao explicar que aquela letra “x” era na verdade a primeira letra grega do nome “Cristo” (Christus), houve quem alegasse que o grego e o latim seriam os idiomas prediletos do satanismo.
Ora, já ouvi tanta asneira nesta vida, mas esta superou a muitas delas. Então, teremos que concluir que o Novo Testamento foi todo escrito em língua satânica e que Paulo pregava no idioma dos demônios!
Um argumento como este revela o quão criativo é o gênio humano, tanto para o bem, quanto para o mal.
Haveria em nosso alfabeto alguma letra maligna? Claro que não! Mas é possível usar as letras de nosso alfabeto para escrever qualquer coisa, desde louvores a Deus até insultos e obcenidades. Porém isso, não torna aquelas letras profanas.
Assim se dá com a música, por exemplo. Quem criou as notas musicais? Não foi o diabo, ou foi? E quanto aos ritmos diversos, teriam sido criados ou inspirados por ele? Recuso-me a crer neste absurdo.
Não há música profana! O que há são músicas profanadas. Usar a música para estimular sentimentos perversos no coração humano é profanar uma das mais sagradas artes.
Harmonia, melodia e ritmo podem ser igualmente usados para o bem ou para o mal. Assimo como posso usar uma faca tanto pra fatiar um pão quanto pra ferir alguém. Isso não faz da faca um instrumento satânico, ou faz?
O que é uma canção senão a combinação de harmonia, melodia e ritmo? Nenhum destes elementos pode ser considerado profano em sua origem. O que se pode é profaná-los, dando-lhes um propósito maligno.
Não posso satanizar um frango só porque alguém o oferece numa encruzilhada a espíritos imundos. Não vou deixar de degustar um saboroso frango assado por isso.
Posso usar todo o espectro de cores para pintar uma obra que insulte os valores cristãos, como posso usar o mesmo pincel para criar obras que os enalteçam.
Mesmo uma obra considerada “profana” pode ser apreciada de outros ângulos. Em vez de condená-la, podemos buscar entender a intenção de seu autor, e a maneira como ele tenta expressar o que há em sua alma. Há anseios, frustrações, anelos profundos, amarguras, questionamentos, inquietudes, que nem sempre são verbalizados claramente, mas que vazam através de sua produção cultural.
Em vez de ficar ouvindo discos de trás pra frente em busca de mensagens subliminares, deveríamos ouvi-los com o coração tomado de compaixão, buscando compreender o que de fato essas almas humanas tentam comunicar nas entrelinhas de sua arte.
O que foi profanado pode ter sua sacralidade primordial resgatada. Alguns avivalistas e reformadores perceberam isso nos séculos passados. Charles Wesley, o maior compositor cristão de todos os tempos, tomava emprestado melodias usadas nos cabarés da Inglaterra, e as transformava em louvores a Deus. Aliás, muitos dos hinos da Harpa Cristã e do Cantor Cristão tiveram origem “profana”.
Ademais, devemos considerar a graça comum, que como chuva derramada sobre justos e injustos, é capaz de inspirar o mais vil dentre os homens a produzir coisas belas, dignas de apreciação e aplauso.
A vida enxergada do prisma da graça é muito mais leve, solta e vibrante. Sem neuroses, fanatismo infundado, mania de conspiração, e outras bizarrices.
Sinto-me inteiramente à vontade para apreciar as linhas harmoniosas de uma obra arquitetônica de Niemeyer, e ainda louvar a Deus por sua genialidade, mesmo sabendo que ele é ateu.
Prefiro embasbacar-me contemplando o interior da Capela Sistina, a ficar buscando na obra de Michelângelo algum indício de que ele pertencesse a uma sociedade secreta qualquer.
Jamais me preocupei em ser flagrado ouvindo uma boa música secular, nem em ter que dar explicação aos que me censurem por isso.
Posso apreciar uma escultura do ponto de vista artístico, sem por isso comprometer a pureza de minha fé, nem endossar a idolatria que se preste a ela.
Não sou menos espiritual por dar umas boas gargalhadas enquanto assisto a uma comédia.
Deixo-me emocionar enquanto assisto a uma apresentação de ballet ou a uma peça teatral, ou mesmo a um concerto de música pop, sem qualquer constrangimento ou culpa, por reconhecer que a fonte primeva de toda beleza é Deus.
Afinal de contas, “d’Ele e por Ele e para Ele são todas as coisas. Glória, pois, a Ele eternamente. Amém” (Rm.11:36).

Verdade


Me disseram pra parar
Me exortaram pra fechar
Os meus olhos pro que há de mal
Mais então eu percebi
Que nos versos que cantei
Só pude falar do que eu vi

E o que eu vi era ruim
E eu não pude me conter
Comecei a entender
E logo a escrever
Foi em forma de canção
Que minha insatisfação
Soou nos ouvidos de quem sabe
Que a verdade quando quer
Teimar em aparecer
Surge alguém pra convencê-la
Á mostrar sua beleza

A beleza da verdade
Logo vai aparecer
E pro que ansioso espera
O desfecho do saber
Ô verá com roupas claras
Esbanjando perfeição
No som de uma canção
 Na voz de um violão
                                                                 by Dennis Portell